Item 50 - Entrevista com Ladice Salgot - JP

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Código de referência

BR SPCVP AC-AFSC-PER-M.JOR-50

Título

Entrevista com Ladice Salgot - JP

Data(s)

  • 19 de outubro de 2004 (Produção)

Nível de descrição

Item

Dimensão e suporte

Documento textual, datilografado, periódico (jornal - recorte)

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Âmbito e conteúdo

A página A4 traz uma entrevista, de página inteira, com a sra. Ladice Soriano Salgot e com o sr. Severino Galdi, respectivamente, viúva e ex-chefe de gabinete do sr. Francisco Salgot Castillon. A entrevista, conduzida pelo jornalista João Umberto Nassif, tem, como título “Achavam que o Salgot era vermelhinho”. Destacam-se os seguintes trechos: sra. Ladice: “Francisco, às vezes, dizia que estava preocupado com algum fato, eu então falava: ‘Meu bem, enquanto estivermos nós dois juntos está tudo bem!”. Indagada sobre “qual era o sonho do dr. Francisco Salgot Castillon”, a sra. Ladice respondeu: “Eu acho que foi a realização de muitas obras. Ele sempre foi voltado para o social. Por isso é que mais tarde ele foi cassado. Achavam que ele era vermelhinho. Era comunista. Quando ele era jovem, com o idealismo próprio dos jovens, pensava que vivíamos num mundo muito mal dividido, por isso, toda essa violência. O Francisco sempre pensou muito no lado social. Acredito que ele realizou os seus sonhos aqui em Piracicaba quando foi prefeito”. Em outro trecho da entrevista, a sra. Ladice afirmou: “...ele se preocupava muito com as esposas dos homens do campo. No caso de uma situação de emergência, como doença e a falta de estradas, era preocupante. Não tinha energia elétrica para passar a roupa, para tomar banho de chuveiro, não existia telefone para chamar um médico, ou solicitar auxílio a uma pessoa amiga. Isso tudo ele conseguiu para a zona rural”. Na sequência, o sr. Severino Galdi, disse o seguinte: “As maiores obras do Dr. Salgot foram saneamento básico, eletrificação e telefonia rural, coisas inéditas na época”. (...) Por sinal, eram serviços que não apareciam porque estavam embaixo da terra. Para alguns políticos a construção de fonte luminosa na praça principal era melhor como propaganda eleitoreira”. Num trecho mais descontraído da entrevista, ao conversarem sobre as autoridades de projeção nacional que o casal Salgot conheceu, a sra. Ladice respondeu: “Jânio Quadros esteve em Piracicaba durante um jantar. (...) ...que tinha comida muito boa e o sr. Jânio Quadros queria um feijãozinho! Queria jantar feijão! Essa é a parte curiosa da história”. Em outra parte da entrevista, provavelmente a mais delicada, a sra. Ladice se emocionou muito ao relembrar a cassação do sr. Francisco Salgot Castillon, em 1969. Dessa parte, destacam-se os seguintes trechos: “Francisco assumiu a Prefeitura em janeiro ou fevereiro, não me lembro. Logo depois, indo a São Paulo, ficou sabendo através de um político amigo dele, que o nome dele estava sendo visado para a cassação. Essa espada na nossa cabeça não foi só em outubro. Foi praticamente o ano todo. Estávamos em casa, no nosso apartamento no Edifício Santo Antônio, no quarto andar. Não sei se ele estava na Prefeitura, mas foi avisado e veio para casa. Em seguida, alguns amigos começaram a aparecer para darem o apoio. Lembro-me que fiquei paralisada aquela noite. No dia seguinte, ao meio-dia, eu rompi em lágrimas. Esperei Francisco não estar em casa. Eu tenho uma coisa comigo, as coisas boas devem ser lembradas. Mas as coisas ruins não. Eu procurei limpar da minha cabeça essa época”. Na mesma resposta, a sra. Ladice relembra também a prisão do sr. Francisco Salgot Castillon, ocorrida no ano de 1970. Dessa parte da resposta, destacam-se os seguintes trechos: “No ano seguinte, já estávamos morando no Edifício Rio Negro, foi assassinado alguém ligado aos comunistas. (...). Os militares, preocupados que houvesse um levante, acharam melhor efetuar diversas prisões de pessoas que tivessem ligadas ao fato ou líderes. Eles chegaram em Piracicaba, era 1 ou 2 de novembro, num desses feriados, a minha filha, graças a Deus, não estava, tinha ido ao cinema, meus pais moravam no meu apartamento no Edifício Santo Antônio e chegou esse militar, com a ordem de prisão, para que o Francisco fizesse a malinha porque ele ia para o Quinto GCAM. (...). Nós temos um quadrinho, dado pelo Severino Galdi, muito bonito. Nesse quadradinho estava escrito: ‘O político foi cassado, mas permanecia o homem íntegro e digno’. O milico que estava no nosso escritório tomou nota dessa frase. Viu os livros que tínhamos. Deu uma espiadinha no que a gente lia. E carregou meu marido! Eu fiquei em desespero. (...). Foi um momento bastante difícil. No meio desses militares tinha um coronel, que se não me engano se chamava Restell, que era muito amigo do meu marido, sabia da integridade dele e do ponto de vista social do meu marido. (...). O coronel Restell disse que fazia questão de me pedir desculpas pela prisão do Francisco. Ele veio com uma porção de nomes. Você não imagina o número de pessoas que estavam lá presas. Sem saber porquê também. Gente que estava assistindo futebol, eles levaram do jeito que estavam. De shorts. A família não sabia de nada. (...). Foi um momento muito difícil, eu procurei esquecer. Meu coração está apertado!”. Com relação a essa entrevista, há, na página A1, no lado direito, no centro da folha, uma foto da sra. Ladice, acompanhada de uma chamada para a entrevista. À parte as citações à sra. Ladice Salgot, destaque-se uma nota da coluna “Grafite”, assinada por Evaldo Vicente, no lado esquerdo, parte inferior da página A2, que abordava os bastidores do momento político da época na cidade: “Inverno. Depois de um pouco de ‘inverno’ (leia-se gelo), assessores do deputado estadual Roberto Morais (PPS), que disputa com Barjas Negri (PSDB) o segundo turno, atenderam aos telefonemas da redação. Vanderlei Dionísio e Mauro Rontani, da cúpula do Partido Popular Socialista (PPS), mais diplomáticos, dão a sua contribuição”. O segundo turno daquela eleição aconteceria doze dias depois, no dia 31 de outubro de 2004, e elegeria Barjas Negri para o seu primeiro mandato de prefeito de Piraciaba.

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      Parcial

      Datas de criação, revisão, eliminação

      15 de janeiro de 2025

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          Nota do arquivista

          Setor de Gestão de Documentação e Arquivo
          Câmara Municipal de Piracicaba

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