Registros da sessão solene, realizada no dia 27 de novembro de 1995, em homenagem a comunidade negra piracicabana, como parte das solenidades dos 300 anos de imortalidade de Zumbi dos Palmares. - Já se pleiteava, a época, que o dia da morte de Zumbi (20/11/1965) se tornasse feriado – A solenidade teve início com a formação da mesa, execução do hino nacional, um discurso do Presidente da Câmara Municipal de Piracicaba Vanderlei Dionísio”, que ressaltou “Esta homenagem não deve ter caráter festivo e despretensioso mas deve marcar uma posição dos democratas que enxergam na questão racial a chave da democracia no Brasil. Excluir os negros do processo democrático é excluir o povo em sua maioria. O Brasil não será realmente livre e democrático enquanto não reinar a verdadeira democracia econômica e racial. Zumbi vive, a sua luta e seus ideais também”. João Manoel dos Santos, único vereador negro a época, foi um dos organizadores da solenidade, e também proferiu palavras durante o evento. A sessão do solene homenageou 35 pessoas, e também a Guarda Mirim de Piracicaba e contou a apresentação de atividades artísticas, como encenação de peça e capoeira.
Inquirição da testemunha, Antônio Ferreira de Camargo. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): Antônio Ferreira de Camargo, 53 anos de idade, lavrador, casado, natural de Campinas e morador de Piracicaba.
Ao ser inquirida, a testemunha disse que: “há meses, voltando cinco da tarde esse depoente da campanha da Serra Negra para o seu sítio, no caminho, ao passar pelo o de João Rodrigues, este tomou conhecimento que seu vizinho, Victorio Salvadori, tinha desaparecido. Ele depoente, depois de ter vindo a sua casa foi a de Victorio saber o que tinha havido. Quando lá chegou viu a Victorio morto na sala de fora, junto dele outras pessoas. Disse mais que Carlos Salvadori e Anna Gaviola estavam nessa ocasião fora da casa chorando e perguntando esse depoente por Benjamin, responderam-lhe que estava fora procurando o pai” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão, José Manoel da França e assinado pelos presentes.
Inquirição da testemunha Alberto [Wey]. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): “Bento Vollet Junior, de 42 anos de idade, natural da Alemanha, casado, proprietário e morador desta cidade” (em transcrição livre)
No depoimento, Alberto [Wey] informou que na noite do dia 26 de novembro de 1895, estavam no armazém de sua propriedade muitas pessoas, incluindo o Felisbino Queiroz, que a meia noite fechou o dito armazém e ouviu o italiano Cezar Marson convidar Felisbino Queiroz para dormir em sua casa, e este recusou, dizendo que tinha que ir a casa do denunciado, Marco Bonetti. Que só soube do ocorrida na manhã seguinte. Disse conhecer ambos os envolvidos (assassinado e denunciado), e sobre eles informa que, sobre Marco Bonetti “que ele é um homem trabalhador e sossegado” (em transcrição livre); já sobre Felisbino: “dava-se ao vício da embriagues em cujas ocasiões provocador e desordeiro” (em transcrição livre). Relatou também que, na noite do crime, Felisbino saiu de seu armazém por volta da meia-noite, um pouco esquentado, mas não estava embriagado.
Documento redigido pelo escrivão Joaquim Antônio de Mattos, e assinado pelo Juiz (Rafael Marques Coutinho), réu (Marco Bonetti), pelo advogado (Nicolau Tolentino Rodrigues Barrevios) e pela testemunha Alberto Wey
Inquirição da testemunha, Antônio Alves Barbosa. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): Antônio Alves Barbosa, 38 anos, casado, negociante, natural de Piracicaba e morador desta.
Ao ser inquirida, a testemunha relatou que, no dia do fato, ouviu um tiro, as 7 horas da noite, mais ou menos e que ficou sabendo do ocorrido só depois, e que não viu nem o ofendido e nem o acusado.
Documento lavrado pelo escrivão, José Manoel de França e assinado pelo juiz municipal suplente, Inocêncio de Paula Eduardo, e por Zeferino José Soares, a rodo da testemunha, por esta não saber escrever.
Inquirição da testemunha, Francisca Maria Augusta*. Tem-se as seguintes informações sobre ela (qualificação): Francisca Maria Augusta, conhecida como “Maria Carnaval”, 20 anos de idade, casada, costureira natural de Tatuí e residente nesta cidade.
Ao ser inquirida, a testemunha relatou que, no dia do fato, ouviu gritos e quando se dirigiu ao local viu Leocadia já feriada e o denunciado junto dela, com uma faca na mão. “Então ela depoente tratou de recolher Leocadia e na ocasião que fechava a porta viu o denunciado ferir-se com mesma faca”. Disse também que não sabia como o denunciado havia entrado em sua casa, que nunca havia o visto lá e que a ofendida que lhe contou que o motivo era ciúmes. Ao ser questionado pelo curador Prudente de Moraes disse que: “sabia que sua criada entretinha relações com o denunciado que algumas vezes ia a casa dela de poente perguntar pela criada, mas não tinha liberdade de lá entrar” (em transcrição livre).
Documento redigido pelo escrivão, José Manoel de França e assinado pelo Juiz, Canuto José Saraiva, pelo Curador, Prudente José de Moraes Barros e por Vicente Antônio do Espírito Santo, a rogo da testemunha, por esta não saber escrever
*A testemunha já havia sido inquirida, em 24 de outubro de 1881 (item 14)
Item 13
20 de novembro de 1827
3º Testemunha – João Manoel Carneiro Brandon
Inquirição da testemunha João Manoel Carneiro Brandon, sobre ele consta que: “homem branco e natural da Vila Rica e morador desta Vila que vive de seus negócios, de idade que disse ter 60 anos para mais ou menos e dos costumes disse nada” (em transcrição livre)
A testemunha relata os fatos já conhecidos: que sabia que Francisco Assis de Moraes era um homem estabelecido com engenho e fábrica de açúcar, servindo de Sargento da Ordenação de 1º Companhia das Ordenanças da Vila da Constituição (Piracicaba), que viajava por lugares onde havia “escravos fugidos”
e que o Alferes João da Fé do Amaral Gurgel era o encarregado do Capitão Mor desta Vila. Ainda acrescenta:
“Disse mais que é público que o dito Alferes vive [concubinado] com uma podre moça filha de Gertrudes de tal. Disse mais que por ser muito púbico sabe que chegando o dito Sargento Assis em casa de Joaquim Pinto aonde estava Gertrudes de tal com a filha pedindo-lhe ela vinho o dito Assis mandou vir e deu a todos que ali estavam” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão, João Baptista de Siqueira, e assinado pelo Juiz Ordinário e pela testemunha
Inquirição da testemunha, João Pereira Cardoso. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): João Pereira Cardoso, 38 anos, casado, negociante, natural de Portugal e residente em Piracicaba.
Ao ser inquirida, a testemunha relatou que, após atirar a pedra Luigi Bagno, saiu e: “ (...) que atrás de Luigi saiu Domingos Albertin outras pessoas entre as quais o réu presente, e que este chegando-se a Luigi, trocou com ele algumas palavras e em seguida prendeu-o por um braço e deu-lhe uma facada; que não viu Domingos Albertin segurando o ofendido na ocasião em que o reo presente feriou-o” (em transcrição livre)
Documento lavrado pelo escrivão, Francisco e assinado pelo Juiz, Rafael Marques Coutinho, pela testemunha e pelo réu, Rafael Mazzeo.
Inquirição da testemunha, Joaquim Francisco Barbosa. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): Joaquim Francisco Barbosa, 35 anos de idade, casado, lavrador, natural e morador de Piracicaba.
Ao ser inquirida, a testemunha fez um relato muito parecido com os das testemunhas anteriores (João Francisco Barbosa e João Rabino Neponoceno), que, no dia 20 de agosto de 1887 (sábado), Benjamin Salvadori (“muito triste”) relatou que seu pai havia desaparecido, então ele, e mais indivíduos saíram em busca, quando encontraram Victorio Salvadori morto, “com a cabeça quebrada e com os pulsos inchados, tendo as roupas limpas sem sangue e não havendo também sangue nem no lugar e nem perto, pelo que entendiam que não havia morrido ali”
Documento redigido pelo escrivão, Francisco Antônio Galvão e assinado pelos presentes.
Inquirição da testemunha José [Nepomuceno] de Souza. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): “José [Nepomuceno] de Souza, com 25 anos de idade, solteiro, escrevente, natural e residente nesta cidade, à rua da Boa Morte nº90, sabendo ler e escrever. Aos costumes disse nada” (em transcrição livre)
No depoimento, José [Nepomuceno] de Souza diz: “que no dia 30 de outubro último, às 5 e meia da tarde, mais o menos, estando na casa do Coronel Moreira Coelho, à rua da Boa Morte, onde reside, ouviu a detonação de diversos tiros para os lados da casa em que reside o denunciado Capitão Rodrigo Alves Nogueira, que saindo à janela viu então cair um homem quase na frente à casa do denunciado; que indo até lá verificou que de fato havia sido ferida a pessoa que vira cair e que reconhecera ser Julio Corrêa de Godoy” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo ‘ajudante habilitado’, Medardo Ferreira Neves, e assinado pelos presentes.
*”Aos costumes disse nada” é uma expressão usada para indicar que a testemunha não tem parentesco, afinidade especial ou conflitos o réu, ou com as partes envolvidas no processo
Inquirição da 3º testemunha, José [Stiff]. Tem-se as seguintes informações sobre ele (qualificação): José [Stiff], de 36 anos de idade, casado, natural da Prússia, morador de Piracicaba e que vivia de seus negócios.
Ao ser inquirida, a testemunha relatou que ficou sabendo que alguns autos haviam sido queimados, mas não sabia que autos eram esses. Disse que estava presente e viu o réu pedir ao advogado Antônio de Aguiar Barros, para que lhe fizesse a apelação. Que não lembrava da resposta de dito advogado, mas sabia que este havia anotado algo em uma folha de papel (ou caderno) e entregou ao indiciado.
Documento lavrado pelo escrivão, Joaquim de Oliveira Cézar, assinado pelo Juiz, Francisco José da Conceição, pelo Promotor Público da Comarca, Carlos Henrique de Aguiar Melchert, pela testemunha e pelo réu.