Recorte de publicação, sem indicação de data, nem de origem, com o título de “Julio Prestes”, de autoria do Doutor Honorato Faustino. A publicação tece elogios e, pelo contexto, embora não explicíto devido a falta de datação, parabeniza pela nova Presidência do Estado de São Paulo (1927-1930), o político, advogado, fazendeiro e poeta Julio Prestes, que foi, em Itapetininga, seu aluno. Ao longo do texto, Honorato manifesta sua satisfação, apesar dos desafios do ensino, àqueles alunos que lograram êxito em suas vidas e profissões, como é o caso de Julio Prestes, cujo o autor dá destaque, além de sua oratória e “promissoras tendências intelectuais”, ao fato de “Em uma certa fase, a alma juvenil de Julio Prestes, abandonou-se ás expansões poéticas” (em transcrição livre) e, Honorato cita ainda que conservava junto de si um álbum com trabalhos literários de alguns alunos, o que incluía dois sonetos de Prestes, aos quais ele transcrevera na matéria.
Após a dita transcrição, continua tecendo elogios ao ex-aluno e ratifica que, dado ao novo governo de Prestes, “São Paulo iniciará nova e importante fase de surto de progresso que vem realizando, em importante trajetória” e que “[...] há de abençoar o novo governo de Julio Prestes, memorando-o sempre entre os que lhe outorgaram maior soma de benefícios, mais farta [...?] de bem estar e de felicidade” (em transcrição livre).
Abaixo, segue em transcrição livre os sonetos “Flores Campesinas e Meu Coração”, respectivamente:
FLORES CAMPESINAS
XVII
Sabado, á tardezinha, o Zé Tropeiro
Manda um moleque arrear o bom picaço,
Enfia-se num pala domingueiro
E toca em seu cavalo, passo a passo,
E, pela estrada vai, todo faceiro,
Tendo nos tentos um comprido laço,
Na cintura a guayaca com dinheiro
E uma Lafouchet trochada de aço.
Vai á festa assistir na encruzilhada
Para, no samba, junto á namorada,
Dançar, rodopiando como um fuzo;
E, depois, noutro dia via á raia,
Ver correr o turdilho com a báia,
E a noite passar jogando búzio.
MEU CORAÇÃO
A Valle e Silva
Ansioso, inteiramente abandonado
Etá meu pobre coração vazio.
Ele pulsa no peito regelado,
Profundamente lúgubre e sombrio;
Chora mais do que [Job] quando, magoado
Formou com suas lágrimas o rio
No vale de Idumeia, ou, desvairado,
Treme de vasto horror e intenso frio.
Mas, assim sem amar e solitário,
É capaz de vencer o mundo inteiro
E morrer com Cristo no Calvário !...
O coração do homem sempre é forte,
Mais valente mil vezes que um guerreiro;
Porque quem vence o amor não teme
a morte.