Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1784 - 1828 (Produção)
Nível de descrição
Dimensão e suporte
Documentos textuais, manuscritos, 0,04 metros lineares, 2 encadernações, 20 itens documentais.
Área de contextualização
Nome do produtor
História administrativa
Em meados do século XVIII, enquanto o Brasil era colônia de Portugal, o capitão-general D. Luiz António tinha o propósito de criar povoações nas margens do Tietê, a fim de facilitar o transporte às expedições que conduziam víveres e munições e de formar portos de reabastecimento para as tropas de Iguatemi e de outras colônias militares da fronteira. Nesse empenho, remeteu Antonio Corrêa Barbosa para a barra do rio Piracicaba no Tietê, a fim de plantar ali uma povoação.
Foram invencíveis, porém, as dificuldades que encontrou para a realização de seu intento, pois ninguém acedia aos convites para ir povoar aquelas paragens, alegando que tais lugares eram pestilentos e avaro o seu solo. Por motivos diversos, Antonio Corrêa Barbosa não se estabeleceu nas imediações da foz do Piracicaba no Tietê, indo localizar-se setenta quilômetros rio acima, na margem direita do afluente do Tietê.
Por provisão de 24 de julho de 1766 era Antonio Corrêa Barbosa nomeado para o cargo de Diretor e Povoador de Piracicaba. Dando cumprimento às ordens recebidas, Antonio Corrêa Barbosa fundava oficialmente, a 1º de agosto de 1767, a povoação de Piracicaba para onde fora "com administrados vadios, dispersos, e vagabundos". Em pouco tempo faziam-se visíveis os efeitos da reiteradas medidas tomadas por D. Luiz Antonio, pois grande foi o número de desordeiros e "mal vistos" bem como de gente "afamiliada" que se mudavam das vilas e povoados próximos para a florescente povoação, os primeiros com intuito de se incorporarem às expedições que demandavam Iguatemi e os últimos para nela estabelecerem suas culturas, que a liberdade do solo fazia fartas e as necessidades de Iguatemi tornavam lucrativas. Em 26 de julho de 1770, Antonio Corrêa Barbosa envia carta à D. Luiz mandando provisão para levantar capela e prometendo promover com brevidade a ereção da povoação em freguesia, o que ocorreu em 1774 (NEME, Mario. 2009, p. 54-63)
Nome do produtor
História administrativa
Em 1774, o bispo diocesano de São Paulo, Fr. Manuel da Ressurreição, atendendo aos clamores dos habitantes da povoação de Piracicaba, a constituiu em Freguesia e mandou erigir Igreja Matriz, sendo nomeado para seu primeiro pároco o padre João Manuel da Silva. O livro da Memórias da povoação de Piracicaba assim registra o acontecimento:
"Viveram os habitantes desta Povoação por espaço de seis anos, dez meses e vinte dias sujeitos à voz paroquial de Itu, com grave detrimento pela distância de catorze léguas, que intermedem, e tendo clamado na presença do Excelentíssimo e Reverendíssimo Bispo Diocesano, D. Fr. Manoel da Ressurreição, e permitido este que se erigisse em o dito lugar Igreja para Matriz, constituiu a Freguesia separa da de Itu, e ao Senhor Santo Antonio Padroeiro dela, e destinou para divisa de uma, contra o ribeiro Capivari; e sendo provido pároco o Reverendo padre João Manuel da Silva, presbítero secular de virtude e letras".
Assim, a povoação de Piracicaba tornou-se a Freguesia de Santo Antonio de Piracicaba, com sua própria voz paroquial, mas ainda dependendo administrativamente, judicialmente e politicamente da Vila de Itu e da Vila de Porto Feliz. Um recenseamento realizado em 1775, um ano após a sua elevação a freguesia, acusou para Piracicaba 231 moradores e 45 fogos (NEME, Mario. 2009, p. 65-66).
Entidade custodiadora
História do arquivo
Documentos preservados pelo Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara Municipal de Piracicaba. Não há registros escritos quando a data de aquisição de tais materiais, nem sobre a encadernação e restauração dos mesmos.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
Os documentos referem-se ao período que se estende desde a fundação da povoação de Piracicaba em 1767 até a elevação desta a categoria de Vila, nomeada de Vila Nova da Constituição, em 1822. Piracicaba é um nome gentílico que significa “peixe que chega ou lugar onde chega o peixe” (NEME, 2009, p.86), em referência às quedas do Rio Piracicaba que bloqueiam a piracema dos peixes. O município, localizado no interior do estado de São Paulo, teve, em sua história, três condições de centro urbanístico: de Freguesia (1774), de Vila (1822) e de Cidade (1856). (MARCONDES, 2008).
Acredita-se que o povoamento da região teve como ponto de partida o declínio do clico das bandeiras, e a doação de sesmarias pertencentes ao termo da Vila de Itu. Pedro Morais Cavalcanti recebeu a 1º sesmaria em 1693, mas foi o ituano Felipe Cardoso o primeiro povoador da região, que em 1726 obteve terras de sesmarias que circundavam o porto do rio, e também foi ele o responsável pela abertura da estrada que ligava Itu a Piracicaba. (NEME, 2009)
Assim, o espaço piracicabano foi sendo povoado por lavradores, que ocupavam as sesmarias com o plantio principalmente de canaviais. A restauração de São Paulo como Capitania, a crescente importância do comércio e da mineração na região de Minas Gerais e a descoberta de minas de ouro em Cuiabá em 1718, são fatores que impulsionaram o crescimento econômico e demográfico da região. A origem do povoamento de Piracicaba também está vinculada à manutenção do Presídio de Iguatemi, no Mato Grosso, como núcleo agrícola para abastecimento do mesmo (MARCONDES, 2008).
Por provisão de 24 de julho de 1766, Antônio Corrêa Barbosa foi nomeado para o cargo de Diretor e Povoador de Piracicaba. Por ordens do então governador da Capitania de São Paulo, Luiz Antônio de Souza Botelho e Mourão, Barbosa deveria fixar a povoação nas proximidades da foz do Piracicaba no rio Tietê, entre Santa Maria da Serra e Barra Bonita, mas descumpriu tais ordens, acabou fundando a cidade a setenta quilômetros rio acima, nas imediações do Salto do Rio, onde já se achavam estabelecidos ranchos e roçados. Sendo assim, o povoado de Piracicaba foi fundado oficialmente em 1º de agosto de 1767, à margem direita do rio Piracicaba, ligado politicamente e administrativamente à Vila de Itu (TORRES, 2003).
Em 1774, Piracicaba é elevada à categoria de Freguesia, e com isso recebe seus primeiros párocos: o padre Ângelo Paes de Almeida, por determinação do governo da Capitania, veio para região, na qualidade de capelão da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, e o Padre João Manuel da Silva, primeiro pároco da Igreja Matriz de Piracicaba (GUERRINI, 2009).
Em 1775, um ano após a elevação a Freguesia, um recenseamento acusou para Piracicaba um total 231 moradores e 45 fogos (casas), esses dados e uma listagem completa dos moradores da Piracicaba no período podem ser encontrados no livro de Neme (2009, p.66) e foram tirados de um documento encontrado no Arquivo Público do Estado.
Piracicaba, já em 1784, era considerada uma área promissora do chamado quadrilátero do açúcar. Neste ano foi encaminhada, ao Capitão da Vila de Itu, uma petição dos moradores da Freguesia, solicitando a transferência da povoação da margem direita para a margem esquerda do rio, logo abaixo do salto, local que favorecia o seu crescimento e a sua expansão (TORRES, 2003). A ata de tal mudança, foi assinada em 31 de julho de 1784, pelo Vigário da Paróquia (Frei Tomé de Jesus), o Capitão Povoador (Antônio Corrêa Barbosa) e o Capitão-Mor de Itu (Vicente da Costa Taques Goes e Aranha) (TORRES, 2003).
Fatores, como a ampliação dos espaços urbano-rurais, o aumento da produção agrícola e o crescimento demográfico, lançaram forte demanda pela mudança da condição de Piracicaba. Em 1816 os moradores da povoação enviaram ao Capitão General D. Francisco de Assis Mascarenhas, Conde de Palma, uma representação pedindo a elevação da Freguesia à categoria de Vila. Com isso, no dia 10 de agosto de 1822, por ato do Governo Provisório de São Paulo, a Freguesia de Santo Antônio de Piracicaba foi erigida à categoria de Vila, recebendo o nome de Vila Nova da Constituição, em homenagem à Constituição Portuguesa, que fora recentemente promulgada (TORRES, 2003).
GUERRINI, Leandro. História de Piracicaba em Quadrinhos. 1°volume. Piracicaba, SP: Equilíbrio: Instituto Histórico e Geográfico – IHGP, 2009.
MARCONDES, Neide. Na trilha do passado paulista: Piracicaba século XX. Piracicaba, SP: Degaspari, 2008.
NEME, Mário. História da Fundação de Piracicaba. Piracicaba, SP: Equilíbrio: Instituto Histórico e Geográfico – IHGP, 2009.
TORRES, Maria Celestina Teixeira Mendes. Piracicaba no Século XIX. Piracicaba, SP: Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba. Editora Degaspari 2003
Avaliação, seleção e eliminação
Documentos de caráter permanente.
Incorporações
Sistema de arranjo
Coleção dividida em duas séries temáticas: Estabelecimento da Povoação e Elevação à Vila.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Preferencialmente devem ser acessados através de suas cópias digitais, preservando assim os originais.
Condiçoes de reprodução
Idioma do material
Sistema de escrita do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Documentos textuais, manuscritos e encadernados. Documentos, em geral, em bom estado de conservação, sendo realizados apenas pequenos reparos em páginas danificadas.
Instrumentos de descrição
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
Existência e localização de cópias
Unidades de descrição relacionadas
Área de notas
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso local
Ponto de acesso nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
17 de novembro de 2021
03 de janeiro de 2022 (revisão/edição)
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
Nota do arquivista
Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara Municipal de Piracicaba