Auto que registra o interrogatório, conduzido pelo Juiz de Direito, Joaquim de Toledo Pisa e Almeida, e respondido pelo réu, Antônio José da Rocha. Auto redigido pelo escrivão Joaquim Borges da Cunha.
Termo que registra o interrogatório, conduzido pelo Juiz de Direito, Rufino Tavares de Almeida, e respondido pelo réu, Carlos Salvadori. Constam a seguintes informações no documento:
Carlos Salvadori: natural da Áustria, de 23 anos de idade, casado, agricultor, residente três quartos de légua, do lado do rio abaixo, local onde reside há 4 anos. Sabe ler e escrever
Ao ser perguntado se tinha fatos a alegar, ou provas de sua inocência, respondeu que sim, e que seu advogado se encarregaria de expor. Ao ser perguntado de tinha algo mais a declarar, respondeu:
“Que no dia 19 de agosto do ano passado, às nove horas da manhã achava-se ele interrogado em casa, em companhia de seu finado pai, sua mulher, e seu irmão Benjamin, almoçaram todos juntos e depois do almoço o seu finado pai saiu para a roça, depois de ter trocado de camisa, levando um machado e uma foice (...) mandou seu irmão menor à rola, perguntar a seu finado pai se precisava alguma coisa da cidade, dez minutos depois, voltando o seu irmão, declarou que não tinha encontrado seu pai, em vista do que ele interrogado, mandou seu mano a cidade, comprar os mantimentos e remeter a carta pelo correio a Itupeva, voltando da cidade o seu irmão, pelas sete horas mais ou menos, até esta hora seu finado pai não tinha aparecido e já sendo um pouco tarde ele interrogado não pode nesse dias procurar seu finado pai para saber o que tinha acontecido. No dia seguinte, pela madrugada saíram todos (...) caminhando pelo pasto e para o lado da roça e não encontrando foram ao vizinho pedir um cavalo emprestado e dar parte do ocorrido, não tendo ele interrogado encontrado cavalo, veio a pé a cidade, indagando por diversos vizinhos e não tendo noticia de seu pai. Voltando de novo ao sitio foram com diversos vizinhos procurar o finado seu pai para o lado da roça e então dessa vez um dos companheiros de nome João Nepamoceno encontrou o cadáver na roça em uma baixada mas ele interrogado não foi lá nesse dia. No dia seguinte quando lá foi a autoridade, é que ele interrogado foi ver o lugar onde havia sido encontrado o cadáver, que era entre dois paus. Que seus vizinhos quando encontraram o cadáver conduziram-no para esta cidade” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão Francisco Antônio Galvão, e assinado pelo juiz e interrogado
Auto que registra o interrogatório, conduzido pelo Juiz de Direito, e respondido pelo réu, Marco Bonetti. Auto redigido pelo escrivão do júri, Joaquim Moreira Coelho
Auto que registra o interrogatório, conduzido pelo Juiz de Direito, e respondido pelo réu, Rodrigo Alves Nogueira. Auto redigido pelo 1º escrivão do crime, Eloy Febeliano da Costa (servindo no impedimento do escrivão do júri).
Interrogatório do réu Rafael Mazzeo, ocorrido em 25 de março de 1893, na sala das audiências da cidade de Piracicaba e na presença do Juiz de Direito, o doutor Rafael Marques Coutinho. Consta no documento que p réu estava “livre de ferros e sem constrangimento algum”. Constam as seguintes informações:
Rafael Mazzeo: natural da Itália, residente na cidade de Piracicaba a 7 meses, alfaiate, que estava na rua Direita no momento do crime e que não conhecia as pessoas juramentadas.
Sobre os fatos, disse o seguinte: “ (...) achando-se em um domingo á tarde – no dia 29 de janeiro de 1893- em uma venda sita a rua Direita desta cidade a divertir-se dançando, quis impedir que Luigi Bagno também dançasse por não se achar decente, a que assim procedeu por ordem e de [combinação] com o dono da venda; que Luigi saindo desta atirou sobre ele interrogado uma pedra que o feriu na cabeça; o que então ele interrogado, que se achava alcoolizado quis dar uns tapas em Luigi, e como este [...?] de uma canivete ele interrogado defendeu-se com uma faca ferindo a Luigi” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão, Francisco França e assinado pelo Juiz, Rafael Marques Coutinho e pelo réu interrogado.
Consta também auto concluso*, também datado de 25 de março de 1893.
*Autos conclusos é o ato de enviar o processo ao magistrado para que profira algum ato
Interrogatório do réu Marco Bonetti, ocorrido na “sala das audiências”, na presença do Juiz de Direito da Comarca, Rafael Marques Coutinho. Consta que o réu estava “livre de ferros e sem constrangimento algum”. Respondendo as perguntas feitas pelo juiz o réu declarou que: “chamar-se Marco Bonetti, ser natural da Itália, residente n’esta cidade, a rua do Monte Alegre, há seis para sete anos e ser trabalhador de cortume*” (em transcrição livre), disso que conhecia a muito tempo todas as testemunhas juradas no processo, menos o carcereiro Manoel Francisco de Mattos, se só conheceu quando foi preso. Relatou que na noite do fato narrado na denuncia, estava em casa com sua família, acordado e enfermo, que bateram a porta de sua casa, pedindo para entrar, mas ele, interrogado, recusou, por estar doente e por ser hora imprópria, que ele reconheceu quem batia a porta como “um caboclo de conhecido por Bino, que também era empregado no cortume de Bento Vollet Junior” (em transcrição livre)
Segundo o interrogado, o seguinte se sucedeu: “(...)que Bino vendo que não se lhe abria a porta tentou força-la, mas como esta não cedesse dirigiu-se para uma janela que dá para o quarto de sua filha Rosa, e proferindo palavras grosseiras e em desafio, arrombou a janela, fazendo saltar a tranca que fechava; que sua filha Rosa gritando, ele interrogado levantou-se e pegando em uma espingarda carregada que se achava em um canto, dirigiu-se para o quarto da mesma sua filha e aí viu a janela aberta, o caboclo Bino montado na batente da mesma e já em pontos de saltar para dentro do quarto; que ele interrogado, que tinha na mão a espingarda, disse a Bino que saísse porque ao contrário arrepender-se-ia ao que Bino respondeu-lhe com insultos e provocações que ele interrogado vendo-se assim desatendido desfechou um tiro em Bino, que foi cair em cinco metros de distância da janela; que ele interrogado saindo para fora da sua casa viu que Bino estava morto (...)”(em transcrição livre)
Documento lavrado pelo escrivão Joaquim Antônio de Mattos, e assinado pelo Juiz (Rafael Marques Coutinho) e pelo réu (Marco Bonetti).
*Cortume: local onde ocorre o tratamento do couro ou de pelo de animal
Interrogatório do réu Domingos Albertin, ocorrido em 09 de abril de 1893, na sala das audiências da cidade de Piracicaba e na presença do Juiz de Direito, o doutor Rafael Marques Coutinho. Consta no documento que p réu estava “livre de ferros e sem constrangimento algum”. Constam as seguintes informações:
Domingos Albertin: natural da Itália, nascido na província de Pádua, residente na cidade de Piracicaba a 1 ano e meio (mais ou menos), negociante, que estava na rua Direita no momento do crime estava em sua casa de negócios, sita no Bairro Alto.
Sobre os fatos, disse o seguinte: “Que acerva de dois meses, em um domingo, pelas três horas da tarde, mais ou menos, achando-se ele interrogado em sua casa de negócio, onde também se achavam diversas pessoas, entre elas os seus patrícios Rafael, alfaiate e Luigi Bagno, este, que parecia achar-se alcoolizado, começou a dirigir palavras ofensivas e grosseiras às pessoas que ali estavam, que ele interrogado procurou por maneiras brandas fazer sair Luigi do seu negócio, e que Rafael também tentou faze-lo retirar-se; que Luigi tendo saído começou da rua a jogar pedras para a casa dele interrogado, que tendo acertado uma pedra na nuca de Rafael, este vendo sair sangue da brecha feita pela pedra, dirigiu-se para a rua, onde se achava o mesmo Luigi; que logo depois ele interrogado ouviu de outras pessoas que quando Rafael se dirigiu a Luigi dissera a este = Não te quero matar= e que dera-lhe uma pequena facada, somente para intimida-lo; que ele interrogado não tomou parte alguma neste conflito, mas que, cerca de meia hora depois, foi preso e recolhido a cadeia” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão, Joaquim Antônio de Mattos Junior pelo Juiz, Rafael Marques Coutinho e pelo réu interrogado.
Consta também informação do mesmo escrivão, informando que o réu, Domingos Albertin havia dado o valor estipulado para a fiança.
Auto de interrogatório do réu Carlos Salvadori, ocorrido na sala das audiências, na presença do Juiz Municipal, Adolpho Corrêa Dias. O réu, que estava “livre de ferros e sem constrangimento algum”, respondeu as perguntas do dito juiz.
Carlos Salvadori: natural de Tirol, residente em Piracicaba a seis anos mais ou menos, agricultor.
Ao ser perguntado se tinha fatos a alegar ou provas que justifiquem ou mostrem sua inocência, o réu respondeu que tinha, e que tudo seria apresentado por seu advogado.
Documento redigido pelo escrivão José Manoel da França, e assinado pelo juiz e pelo réu.
Auto de interrogatório do réu Benjamin Salvadori, ocorrido na sala das audiências, na presença do Juiz Municipal, Adolpho Corrêa Dias. O réu, que estava “livre de ferros e sem constrangimento algum”, respondeu as perguntas do dito juiz.
Benjamin Salvadori: Filho de Victorio Salvadori, natural de Tirol, residente no bairro dos Marins neste Município a três anos mais ou menos, trabalhador da roça.
Ao ser perguntado se tinha fatos a alegar ou provas que justifiquem ou mostrem sua inocência, o réu respondeu da seguinte forma: “(...) que tem e disse que no mês de agosto em uma sexta-feira ele depois do almoço Victorio pegou seu macho e foice e foi ao mato e saiu ele interrogado a cidade trazer uma carta tendo antes já procurado seu pai no mato e não encontrou para perguntar-lhe se queria alguma coisa da cidade e tendo voltado para a casa e não tendo ainda aparecido seu pai foi procura-lo pelos vizinhos e quando voltou já o cadáver de seu pai tinha saído de casa” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão José Manoel da França, e assinado pelo juiz e pelo réu.
Interrogatório, do réu Antônio da Rocha, ocorrido após a qualificação, estando presente o Juiz, o doutor Canuto José Saraiva, que fez as perguntas ao dito réu, que estava “livre de ferros e sem constrangimento algum”. As seguintes informações constam no documento:
Antônio José da Rocha: filho de Antônio José da Rocha, natural de Limeira, morador do bairro do Rio das Pedras (deste Termo) e canteiro*. Quando aos fatos, narrou o seguinte:
“que num sábado, de mês que não se recorda, do ano passado, achava-se ele interrogado em casa de Sebastiana Maria de Oliveira, quando aí chegou o ofendido Joaquim dos Santos, ele interrogado depois de retribuir ao cumprimento daquele, convidou-o para entrar e sentar-se, ao que o ofendido não aceitou, por dizer que [ainda] ao teatro, pediu uma camisa a Sebastiana, e recebendo-a saiu; uma hora depois, voltou e chagando a Sebastiana disse a ela que fosse buscar seu cacete, e em quanto esta pegava em um lampião para entrar na alcova*, o ofendido precedeu-a e voltando com um cacete chegou-se a ele interrogado que se achava recostado em uma janela e deu-lhe uma cacetada, dizendo-lhe ao mesmo tempo – puxe o teu revolver, filho da puta – e continuou a dar-lhe mais duas bordoadas, que todas ele interrogado aparou com o braço, depois da terceira bordoada, vendo ele interrogado que Santos não o atendia e que queria continuar a dar-lhe bordoadas, puxou por uma pistola, e desfechou-a sem fazer pontaria. Respondeu mais que entre ele interrogado e o ofendido não havia questão alguma, e que ele atribui a agressão do ofendido a ciúmes dele interrogado com Sebastiana” (em transcrição livre)
Documento redigido pelo escrivão, Joaquim Borges da Cunha, e assinado pelo Juiz e pelo réu.
- Canteiro: possivelmente a profissão de canteiro, esteja relaciona a chamada “Cantaria”, que é o trabalho com blocos de pedra em bruto de forma a esculpir, ou ofício ou arte de talhar blocos de rocha bruta.
*Alcova: aposento, adjacente a uma sala e de dimensões reduzidas, destinado a servir de dormitório; pequeno quarto de dormir situado no interior da casa, sem passagens para o exterior