Diário de Piracicaba, de 17 de janeiro de 1965 (domingo)

A edição do Diário de Piracicaba de 17 de janeiro de 1965, traz a matéria (coluna) em sua capa “A TRAGÉDIA DO COMURBA”, em que lamenta a necessidade inóspita de escrever novamente sobre a fatídica tragédia, pois passados precisos 70 dias do ocorrido nenhuma informação sobre os riscos que o prédio oferece foram divulgadas “Então o que se quer saber é se o restante do prédio que se encontra em pé oferece ou não perigo; se aquelas lajes, para muitos como verdadeiras espadas de Dámocles, vão logo ser retiradas, ou, por que ainda não o foram; enfim, quando se terá a tranquilidade da palavra oficial, pois nem mesmo nenhuma oficiosa até agora se fez ouvir. ”

Na capa, tem-se também matérias não relacionadas com a tragédia do edifício Luiz de Queiroz (Comurba), como: “No ano que passou; instaurados 462 inquéritos policiais em Piracicaba – Crimes de lesão corporal leve, os de maior incidência – Sete incursos na Lei de Segurança Nacional – Foram efetuadas 2.940 prisões” e “Winston Churchil em lenta agonia”, sobre o estado de saúde do estadista de 90 anos, vitimado por uma trombose cerebral.

Diário de Piracicaba, de 16 de janeiro de 1965 (sábado)

A edição do Diário de Piracicaba de 16 de janeiro de 1965, traz a seguinte manchete em destaque na capa “CATÁSTROFE DA COMURBA: A CIDADE EXIGE UM PRONUNCIAMENTO”. A matéria relata a insatisfação da população piracicabana que após 70 dias de luto continuaram sem uma resposta sobre o destino e as providências a serem adotadas em relação ao edifício. Aborda também a questão do fatídico acontecimento ter motivado turistas curiosos classificando a situação como “atração turística negativa” e como a tragédia afetou a rotina da cidade “A vida normal da comunidade prossegue prejudicada. A nossa principal praça está praticamente morta”. Além desses fatos, a notícia alega que a situação afeta o trânsito, o comércio tal qual as residências das proximidades e como estas circunstâncias parecem não estarem sendo levadas em consideração.
Ademais, a matéria relata a visita de um perito da Polícia Técnica de São Paulo e o chefe do executivo ao local da tragédia, porém nada de conclusivo foi abordado. Segundo eles “A Polícia Técnica aguarda laudo do Instituto se Pesquisas Tecnológicas, que demorará não se sabe quanto tempo. Aguarda que o Departamento de Estradas de Rodagem forneça homens e máquinas para a limpeza total da área sinistrada, até o piso da garage, no subsolo, para possibilitar o exame das fundações do prédio. ”. E que portando nada de positivo foi definido em relação ao futuro destino do edifício. Por fim, finaliza manifestando ser “inadmissível a falta de um pronunciamento oficial, uma palavra à população de Piracicaba que foi atingida tão duramente pela catástrofe e tem direito de saber o que ocorre em torno das providências para solucionar de vez este triste problema”.

Na capa, tem-se também matérias não relacionadas com a tragédia do edifício Luiz de Queiroz (Comurba), como: a atividade da Polícia Técnica durante o ano de 1964 – “Atendidas 324 ocorrências em Piracicaba e na região – Após a revolução de 31 de março foram fotografados todos os comunistas detidos – Outras notas” e também a designação de um novo ministro à Marinha brasileira, o almirante Paulo Bozizio.

Diário de Piracicaba, de 15 de novembro de 1964 (domingo)

A capa no jornal “Diário de Piracicaba”, da edição de 15 de novembro de 1964, traz a seguinte manchete em destaque: “TRABALHOS DE REMOÇÃO DOS ESCOMBROS CHEGA AO FIM – mais de 4 dezenas de corpos retirados até ontem – campanha de socorro JÁ ARRECADOU MAIS DE Cr$ 1,5 milhões de cruzeiros”. - “Há nove dias da terrível catástrofe que ocorreu em nossa cidade, na fatídica sexta-feira, dia 6 de novembro, o desabamento parcial do Edifício Luiz de Queiroz localizado em nossa principal praça, Piracicaba ainda não se refez totalmente do profundo golpe sofrido no lutuoso acontecimento. E nem poderia ser de outra forma, vez uma que o destino impôs à comunidade a mais dolorosa tragédia de toda a sua existência, ceifando dezenas de vidas e transformando o edifício que se tornara motivo de orgulho dos piracicabanos, e que era, dentro da nossa paisagem arquitetônica, símbolo do nosso progresso, em espectro sepulcral da dor e da desolação”. A matéria versa sobre os trabalhos de remoção dos escombros, e traz também uma relação de vítimas, localizadas até então - José Francisco Teles Rodrigues, Anada Isabel Marques Pereira, Maria do Carmo Marques Pereira, Almerinda J. Marques Pereira Coroas, Adélia J. Marques Pereira, Fátima Lúcia Pereira Coroas, Antônio Neder, Gilberto Cizoto, Adair Ribeiro Filho, Afonso José Mendes de Barros, Nestor Gilberto Lima, Felisberto Maltoeni, Eduardo Tomio Kida, José da Jesuino da Silva, Murilo Custódio, José Inácio, Olivio Rizzo, Clarice Carel, Jair Rodrigues, Benedito Eleutério, José Pissinato, Antônio Fernandes, Mário Martinez Romera, Roberto Foguel, Emília Afonso Crivelari, Clovis Galvani, Ludovico Felipe Neto, Hercules Luiz Gonçalves, Benedito Silva, José Carlos Botão, Laurindo Oliveira, Manoel Ferreira Grosso, Lázaro Oliveira Campos, Luiz Corrêa Menezes, Sebastião Pinheiro, Ovídio Magri, Nelson Nunes e dois corpos aguardando identificação e mais dois que foram sepultados sem identificação. Não haviam sido ainda retirados os corpos de João Batista de Oliveira, Francisco M. Souza, Antônio Dalmazio, Delzo R. Barbosa, Adelino M. Siuza, Vitório Moreti, Francisco Arique e Sebastião Leite.

Também na capa, as seguintes notícias sobre o tema:

TOMBOU CAMINHÃO CARREGADO DE ENTULHOS – “O caminhão da prefeitura Municipal de Piracicaba, chapa 73-67-73, empregado na remoção de entulhos do Edifício Luiz de Queiroz, tombou ontem às 10h30, quando transitava pela rua Visconde do Rio de Branco, entre as ruas São José e Prudente de Moraes”

CANCELADAS AS COMEMORAÇÕES AO XV DE NOVEMBRO – “Tendo em vista o lutuoso e trágico acontecimento, que cobre de pesar a família piracicabana”

EDITORA ALOISI – “comunica aos seus amigos e clientes a paralização das atividades da sua oficina tipográfica, a qual permanecerá fechada enquanto perdurar a interdição da área junto ao Edifício Luiz de Queiroz; onde se acha a mesma localizada”

Na página 03, a edição do Diário de Piracicaba dedicou a chamada “CRÔNICA DA SEMANA” ao tema Comurba, com um texto de autoria de Geraldo Nunes, da tal destacam-se o seguinte trecho “Os ponteiros dos relógios caminharam mais alguns minutos. De súbito ouviu-se um barulho semelhante um avião ao de a jato. Uma poeira cerrada invadiu nossa redação, deixando-nos cegos por alguns instantes. Fios elétricos arrebentaram-se soltando faíscas por todos os lados. Gritos de socorro e de desespero chegaram aos nossos ouvidos. À primeira impressão que tivemos era de que o mundo estava se desfazendo” (...)

Na mesma página consta também uma nota, intitulada CINELÂNDIA, que informa sobre a reabertura do cinema, que “Por motivo do trágico acontecimento verificado sexta-feira retrasada em nossa cidade, em sinal de pesar pelo passamento dos seres humanos vitimados na catástrofe do Edifício Comurba, os nossos cinemas permaneceram de portas fechadas”

Na página 05, uma matéria intitulada “A CATÁSTROFE DE PIRACICABA”, traz, na íntegra, uma coluna publicada no Correio Fluminense

Já na página subsequente são transmitidas as mensagens de condolências ao povo piracicabano. Além de um texto, de título “O GRANDE LUTO”, na coluna “”Flarantes, J.Neto”.

Diário de Piracicaba, de 14 de março de 1965 (Domingo)

A edição do Diário de Piracicaba de 14 de março de 1965, traz a seguinte manchete em destaque na capa: “LIMPEZA DO SUBSOLO DO EDIFÍCIO SINISTRADO NÃO SERÁ MAIS OBSTÁCULO”. A matéria aborda sobre o trabalho de limpeza do subsolo da área sinistrada que será realizada pelos trabalhadores do DER de Piracicaba: “Essa medida foi solicitada a fim de permitir aos peritos do IPT e Polícia Técnica, pesquisas naquela parte do edifício sinistrado onde se localizariam as garagens e onde está a base do prédio. ”

Diário de Piracicaba, de 12 de março de 1965 (sexta-feira)

A edição do Diário de Piracicaba de 12 de março de 1965, traz a seguinte manchete em destaque na capa “NOVOS ‘ESTALOS’ INTRANQUILIZADORES NO BLOCO REMANESCENTE DO PRÉDIO DA COMURBA”. A matéria retoma o conteúdo do jornal do dia anterior e reforça o fato de certos ‘estalos’ estarem acontecendo no edifício sinistrado e como isso tem preocupado a população. Alerta também a importância de se ter uma solução para esse fatídico problema: “As autoridades, munidas das suas prerrogativas, em defesa do interesse coletivo, devem exigir uma urgente solução para o problema. Não é mais admissível omissão e desinteresse, pois, repetimos, não nos iludamos e não nutramos ilusões”

Na capa, tem-se também matérias não relacionadas com a tragédia do edifício Luiz de Queiroz (Comurba), como a notícia eleição de Francisco Franco como presidente da Assembleia Legislativa do Estado

Diário de Piracicaba, de 12 de maio de 1965 (quarta-feira)

A edição do Diário de Piracicaba de 12 de maio de 1965, traz a seguinte manchete: “DIRETORIA DA COMURBA PRESTA ESCLARECIMENTOS SOBRE SITUAÇÃO DO EDIFÍCIO SINISTRADO – Possível início, hoje, do desmonte da cobertura do Cine Plaza – Dentro de 30 dias a conclusão dos trabalhos na área interditada – Já foram desinterditados os prédios vizinhos”. A notícia fala sobre ofício enviado pela diretoria da Comurba ao Diário de Piracicaba, no qual havia alguns esclarecimentos sobre o desmonte das lajes penduradas que naquele contexto era impossível de acontecer devido a presença de operários trabalhando na perfuração e sondagens embaixo das mesmas e sobre a área e os prédios adjacentes. Além disso, os diretores da Comurba falaram sobre o andamento dos trabalhos da Polícia Técnica no local do desabamento e que estavam realizando a abertura de poços em volta dos tubulões, bem como sobre o desmonte da cobertura da parte onde funcionava o Cine Plaza.

A parte ao conteúdo referente ao edifício Comurba, a edição traz também outros assuntos tais como: “Provavelmente hoje o reinício das aulas noturnas no <<Mons. Jerônimo Gallo>>”, “Completo êxito da “manhã de autógrafos”: “Alvorecer com Deus””, “Piracicaba sedia VI Reunião Brasileira do Milho”, “Governo não pretende acabar com estabilidade no trabalho”, “Delegado do SAMDU visitou Piracicaba: mais médicos para a unidade local”, assim como alguns anúncios.

Diário de Piracicaba, de 12 de março de 1965 (sexta-feira)

A edição do Diário de Piracicaba de 12 de março de 1965, traz a seguinte manchete em destaque na capa “NOVOS ‘ESTALOS’ INTRANQUILIZADORES NO BLOCO REMANESCENTE DO PRÉDIO DA COMURBA”. A matéria retoma o conteúdo do jornal do dia anterior e reforça o fato de certos ‘estalos’ estarem acontecendo no edifício sinistrado e como isso tem preocupado a população. Alerta também a importância de se ter uma solução para esse fatídico problema: “As autoridades, munidas das suas prerrogativas, em defesa do interesse coletivo, devem exigir uma urgente solução para o problema. Não é mais admissível omissão e desinteresse, pois, repetimos, não nos iludamos e não nutramos ilusões. ”

Diário de Piracicaba, de 11 de dezembro de 1964 (sexta-feira)

A edição do Diário de Piracicaba de 11 de dezembro de 1964, traz a seguinte matéria na capa “CAMPANHA PARA SOCORRER AS VÍTIMAS DA CATÁSTROFE DE 6 DE NOVEMBRO” que relata que após o encerramento da campanha, houve ainda mais uma contribuição vinda diretamente de Laranjal Paulista expressada pelo ofício “A nossa comunidade laranjalense não poderia estar ausente de tão sentida campanha, que visa amenizar um pouco o doloroso impacto sofrido pelas famílias das vítimas do pavoroso desastre, ocorrido com o Edifício Comurba, nessa hospitaleira cidade. ”

Na capa, tem-se também matérias não relacionadas com a tragédia do edifício Luiz de Queiroz (Comurba), como: a autorização para o aumento nos preços dos medicamentos, o problema do curso secundário para os estudantes piracicabanos – “Instituto de Educação Sud Mennucci com 600 candidatos para cerca de 100 vagas no 1º ano”, incidente com helicóptero das Forças Armadas, prêmio Nobel da Paz para Martin Luther King, e uma matéria intitulada “PARA RECEBEU TCHOMBE EM AUDIÊNCIA”, que tem o seguinte teor: “Cidade do Vaticano, 10 (DPI). Sua Santidade o Papa recebeu hoje em audiência secreta o primeiro-ministro do Congo, Moisé Tchombe. Na Praça de São Pedro, grupos comunistas gritavam em protesto pela inesperada presença do dirigente congolês no Vaticano”

Diário de Piracicaba, de 11 de novembro de 1964 (quarta-feira)

A capa no jornal “Diário de Piracicaba”, da edição de 11 de novembro de 1964, traz uma nota explicativa, intitulada “DIÁRIO DE PIRACIABA DEIXARÁ DE CIRCULAR”, com o seguinte teor: “Infelizmente, chegamos à conclusão de que baldados serão daqui para à frente nossos esforços no sentido de continuarmos a circular normalmente dependendo da feitura de nossas edições fora de nossas instalações, que se localizam na área interditada em consequência do desabamento do prédio da Comurba. Assim, muito a contragosto, de amanhã em diante o Diário de Piracicaba deixará de circular, só voltando a faze-lo quando tivermos condições de trabalho em nossas próprias oficinas e redação. Uma vez mais apelamos para os nossos assinantes e anunciantes, certos de sua compreensão por uma situação determinada pela catástrofe que está afetando a mal de toda a cidade Reiteramos nossos agradecimentos a todos quantos nos têm ajudado nesta emergência difícil.

A manchete em destaque, na capa, tem o seguinte título “EVACUADA TODA A ÁREA ADJACENTE AO PRÉDIO SINISTRADO – Aguardado o comparecimento de equipe do Instituto de Pesquisas Tecnológicas”. Na matéria consta que até o encerramento da edição, as 22h do dia anterior, os técnicos ainda não haviam chegado em Piracicaba. Consta também, por determinação das autoridades, a área adjacente foi evacuada, em virtude de “estalos observados no prédio fatídico”.

Também na capa, as seguintes notícias sobre o tema:

REUNIÃO DO CCE: SOCORRO AS VÍTIMAS DA CATÁSTROFE – tratando da reunião do Conselho Coordenador das Entidades, na qual estiveram presentes 28 entidades.

JURAMENTO À BANDEIRA SEM FESTIVIDADES – “O 2º sargento Ronaldo Cavalcanti da Silva, instrutor do TG (tiro de guerra) 36, está comunicando que, por motivo de lutuoso acontecimento de sexta-feira última, foram suspensas todas as festividades já programadas, havendo apenas internamente, na sede do TG 36, o ato do juramento à bandeira dia 13, às 16h”

CONSTITUÍDA COMISSÃO PARA COORDENAR TRABALHOS NA ÁREA SINISTRADA - “(...) foi constituída uma comissão para a coordenação dos trabalhos, sob a presidência do prefeito Luciano Guidotti e integrada pelos srs. dep. Domingos José Aldrovandi, dr. Raul Coury, cap. Evandro Martins, cap. Hernani Benedito de Tolosa, cap. Pedro Corlatti, inspetor Ubirajara Martins, Lelio Ferrari, dr. Felisberto Pinto Monteiro, Benedito Rebello, dr. Reinold Clark Alvarez, dr. Adyr da Costa Romano, Umberto Capellari e dr. Carlos Morais Toledo”

SEPULTADAS MAIS CINCO VÍTIMAS – Consta a informação do sepultamento de 5 vítimas da tragédia, no dia anterior, sendo que duas delas “desceram a sepultura, embora suas identidades não fossem conhecidas”. As outras três vítimas sepultadas são José Carlos Botão, Benedita Silva e Lázaro de Oliveira Campos.

Na capa, tem-se também matérias não relacionadas com a tragédia do Comurba, como o novo preço da gasolina, a candidatura de Lacerda e uma pequena nota intitulada “Quem Perdeu?”, que informa ter sido encontrada uma caderneta de identidade de estudante de Lucila Libório, da Escola Industrial, que tal pode ser procurada na redação do jornal.

Em uma página subsequente uma matéria se destaca, com o seguinte título: UMA FOLHA DE PAPEL ALMAÇO ME SALVOU A VIDA”, nela a estudante Teresa Tonon ressalta: “Encontrava-me em meu quarto na pensão da rua Prudente, terminando uma tese para a cadeira de Economia Política. Aconteceu que esgotaram-se as folhas nas quais batia o referido trabalho. Como ainda faltava alguma coisa a acrescentar na tese, convidei minha colega de quarto Ramires Barman Aguiar, também estudante, procedente da cidade de São José dos Campos. Minha colega negou inicialmente a sair. Depois insisti mais um pouco e, finalmente, ela ascedeu ao convite, isso às 13:30. Fomos comprar as folhas necessárias, na Livraria Brasil. Retornamos pela praça, passando pela fonte. Estávamos na calçada do jardim, defronte ao Cine Plaza, e quando íamos atravessar a rua olhei para cima e vi o último andar do prédio fazer um movimento. Inicialmente pensei que era minha vista. Depois o prédio novamente fez movimento, lento, caindo as lajes, umas sobre as outras. Vi até a segunda laje, depois corri para o centro da praça, sendo que minha colega correu também sem saber do que. Quando estava fugindo recebi uma tijolada no braço direito. Caí ao chão, mas fui me arrastando procurando fugir de outros objetos que caiam nas minhas proximidades. Graças a Deus, escapei ilesa” A estudante também discorre sobre os acontecimentos de outros ocupantes da pensão. “A entrevistada nos informou que junto com o estudante que pereceu na pensão se encontrava um outro de nome Marcos. Este, no entanto, foi alertado pelo estudante que pereceu e saiu na janela para ver o que era aquele barulho estranho. O Marcos recebeu um pedaço de cimento no peito e caiu entre um sofá e uma cama, caindo sobre os móveis uns ferros, os quais deram cobertura ao jovem que escapou sem um ferimento, a não ser o objeto no peito. Contou-nos ainda que o dono da pensão, o sr. Dino, se encontrava na cozinha. Ficou encostado na parede da cozinha e viu quando o forro com o peso dos restos do prédio da Comurba, foi descendo lentamente. O sr. Dino ficou paralisado, e o forro foi descendo até que quando chegou a altura da cabeça do proprietário da pensão o forro parou”

Na mesma página, outras notícias relacionadas ao tema Comurba:

COLSAN ENVIOU 50 FRASCOS DE SANGUE A PIRACICABA
ADIADA A FESTA DA SEDA
CURIA DIOCESANA – Missa em sufrágio das almas das pessoas vitimadas na catástrofe da Comurba.
TERMINOU ONTEM O CENSO ESCOLAR – Catástrofe de Piracicaba não afetou recenseamento em nossa região.

Encontra-se também, não relacionada ao tema, a matéria intitulada RECURSO AO JUDICIÁRIO CONTRA EMENDA CONSTITUCIONAL, que versa sobre a emenda constitucional à Reforma Agrária.

Diário de Piracicaba, 11 de março de 1965 (quinta-feira)

A edição do Diário de Piracicaba de 11 de março de 1965, traz a seguinte manchete em destaque na capa “RUMORES DE “ESTALOS” NO BLOCO REMANESCENTE DO EDIFÍCIO LUIZ DE QUEIRÓZ GERAM INTRANQUILIDADE ”. A matéria aborda sobre a burocracia que esta postergando as providências para a realização do laudo pericial, e reforça a espera da cidade que aguarda a meses uma solução. “Decididamente, há que se exigir maior celebridade nas providências para uma solução breve e urgente ao problema surgido em consequência do desabamento parcial do Edifício Luiz de Queiroz, e que permanece há já cinco meses, prejudicando a vida normal da cidade, com a interdição de parte da área central e com a grande dúvida sobre a segurança do bloco remanescente e ainda, pela visão sinistra do local onde tantas vidas preciosas se perderam. ”. Além disso o jornal relatou sobre certos ‘estalos’ ouvidos no edifício sinistrado, que contribuíram ainda mais para a intranquilidade da população piracicabana.